Coincidência ou não, em 2017 o dia 08 de março cai em uma quarta-feira, que é o dia da minha coluna sobre Liderança e Comportamento aqui no blog. Sinceramente não me agrada nem um pouco fazer coro com tantos outros autores que falam sobre esta data. Gosto mesmo é de falar de gente, e gente para mim não tem sexo, cor de pele, nacionalidade, orientação sexual, credo, convicção, partido, ou qualquer outro atributo que possa diferenciar um tipo de gente de outro.
Infelizmente o mundo não funciona bem do jeito que eu queria e por isso, imbuído ainda pelo fato de ser pai de uma mulher, que ainda tem 6 anos de idade e por isso uma vida inteira pela frente, resolvi fazer só mais um daqueles textos sobre o Dia Internacional da Mulher. Mas por que “só mais um daqueles textos” e se é assim, por que escreve-lo? É que considero simplesmente inaceitável ainda encontrarmos na sociedade o pensamento pequeno e mesquinho a respeito da mulher e seu espaço no mercado de trabalho, nas folhas de pagamento e nas atenções DOS gestores espalhados por aí.
Existem “ventos de mudança” neste sentido? Sim, mas ainda são movimentos muito insipientes face à urgência que o fato de ser mulher tem em pleno século XXI. Nos meus 20 anos de carreira, tive a oportunidade de ser liderado por homens e por mulheres, e sinceramente, quem eu enxergava era a pessoa e não seu gênero. Estes mesmos 20 anos me possibilitaram passar por 20 dias 08 de março onde a conversa sempre foi a mesma: Flores, Bombons, Cartões e ponto final.
Como trabalho com desenvolvimento de lideranças, busquei algumas estatísticas a respeito do número de mulheres em posições de alta gestão. Fiquei até feliz em saber que no mundo o número de CEOS mulheres subiu em 2016 em comparação com o resultado de 2015, porém imediatamente fiquei frustrado ao ver que dos míseros 5% em 2015 para foi para apenas 11% em 2016 segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton em seu International Business Report (IBR) – Women in Business. Ah, mas você deve estar pensando que matematicamente o número mais que dobrou, porém em resultados absolutos, ainda são muito poucas mulheres no comando.
(Sugerimos também o artigo – A informação subliminar do olhar)
Ao longo da minha vida acadêmica na posição de aluno, contando desde a faculdade de Administração de Empresas lá no final dos anos 90 até a conclusão do meu mestrado em 2009, tive colegas mulheres com desempenho técnico brilhante, porém foram poucas que conseguiram posições de destaque no mercado profissional fora da academia. Já como professor, ao longo dos meus quase 14 anos de experiência, tive a oportunidade de avaliar de perto o desempenho em fases finais de alunas excepcionalmente completas, mas que infelizmente ainda não encontraram seu cargo de liderança expressiva nas organizações onde atuam ou onde foram atuar após sua formação. É inexplicável que em uma sociedade evoluída como a nossa – das Américas – ainda encontremos casos de discriminação profissional por conta da possibilidade da pessoa poder ficar grávida, ou então pela crença mais do que limitante de que ela não pode desempenhar algumas atividades que um homem pode.
Durante toda a minha vida, jamais me deparei com qualquer atividade que não pudesse ser desempenhada igualmente ou até melhor por qualquer uma de minhas colegas da vida acadêmica e nem por minhas alunas em igualdade de condições. Acredito que aí está o ponto chave de toda esta questão – a igualdade de condições. As mulheres precisam urgentemente dela e não só no ambiente profissional, mas sim desde a criação de seus pais, até o fim de sua vida. Sem focar na igualdade, este e qualquer outro texto bonito que você venha a ler no dia 08 de março não terá passado de “Só mais um daqueles textos sobre o Dia Internacional da Mulher”.
matematicamente o número mais que dobrou, porém em resultados absolutos, ainda são muito poucas mulheres no comando
E para não perder a oportunidade, felicito todas as mulheres pelo seu dia, em especial minha esposa, minha filha e minha mãe.
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